27/04/2016 - 11h44m

Assembléia Legislativa: Audiência pública mostra cenário desfavorável para novas isenções cartoriais

 
Benhur de Sousa
Audiência pública na Assembléia Legislativa do Tocantins
Audiência pública na Assembléia Legislativa do Tocantins

Em audiência pública realizada na tarde desta terça-feira, 26, deputados e membros do Poder Judiciário discutiram as taxas cartoriais no Tocantins. Requerida pelo presidente da Comissão de Administração, deputado Zé Roberto (PT), a reunião tinha inicialmente o objetivo de discutir formas de isentar os mais pobres de cobranças relativas à regularização da casa própria, o que, mesmo sem a presença de representantes dos cartórios, encontrou resistência.

“Não queremos prejudicar a qualidade dos serviços cartoriais, mas o que os beneficiados da faixa 1 do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, que ganham até R$ 1,7 mil, pagam em taxas cartoriais é quase o mesmo que pagam pelo imóvel”, disse Zé Roberto.

Foi então que membros do Poder Judiciário discorreram sobre a situação econômica dos cartórios. O corregedor geral do Tribunal de Justiça, desembargador Eurípedes do Carmo Lamounier, lembrou que há uma série de exigências que já oneram a atividade.

De acordo com o corregedor, a lei exige que o responsável pelo cartório seja bacharel em direito e que o estabelecimento se sustente como estabelecimento comercial. Tais exigências dificultam a atração de interessados nos municípios do interior.

Mesmo a gratuidade no registro de nascimento só foi possível graças a criação de um fundo próprio para financiar o benefício, lembrou o desembargador, que informou ainda que a lei já contempla com desconto de 50% os beneficiados do “Minha Casa, Minha Vida”, e dos assentamentos com a gratuidade do primeiro registro.

De acordo os números apresentados pelo juiz auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça, Adriano Gomes de Melo Oliveira, o Estado conta com 314 cartórios com receita média de R$ 27 mil. Excluídos os estabelecimentos dos cinco maiores municípios (Palmas, Araguaína, Porto Nacional, Gurupi e Paraíso), a receita média cai para R$ 13 mil. Se a relação incluir apenas os cartórios de registro civil, o número vai para R$ 1,2 mil.

“Nos cartórios das maiores cidades, podemos exigir equipamento e qualificação. Mas no interior, é preciso dosar [a exigência]. Alguns não têm um serviço condizente com a importância que exercem”, discorreu o juiz, que ainda alertou. “Se o cartório cometer um erro, o titular é responsabilizado. Mas se ele não dispõem de patrimônio para isso, então os cofres públicos é que são onerados”, explicou.

Deputados

Para Eli Borges (PMDB), as taxas cartoriais foram reajustadas simultaneamente ao valor venal da planta dos municípios e impostos estaduais. “Há um clamor generalizado da cadeia produtiva [por redução da carga tributária]. O Estado não suporta mais. Ele precisa crescer. Ter uma política de atração de investimentos, fomento de emprego e renda”, disse Eli.

Já os deputados Wanderlei Barbosa (SD) e Valderez Castelo Branco (PP) mostraram-se favoráveis à revisão de leis. “Se tem alguma coisa que possa ser corrigido, nós podemos realizar”, disse Valderez.

Zé Roberto explicou que o intento não era o de chegar a uma proposta para um assunto complexo em apenas uma reunião, mas o de iniciar o diálogo entre os diferentes segmentos ligados ao tema, dirimir dúvidas e levantar informações a serem consideradas pela Corregedoria do TJ em uma futura proposta que, disse o deputado, está em elaboração e será enviada à apreciação da Assembleia.

Fonte: www.al.to.gov.br

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